No mês de prevenção e combate à surdez, o Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) chama a atenção das famílias e das escolas para um tema essencial: a saúde auditiva infantil. O cuidado desde cedo pode evitar a surdez e garantir melhor desenvolvimento na fala, aprendizagem e socialização das crianças.

 

Rosilene Nascimento percebeu que algo estava errado com a filha Gabriela, de 7 anos, quando começou a notar dificuldades de atenção nas conversas e retornos de professores sobre o comportamento da menina em sala.

 

“Nós só conseguimos perceber que a Gabriela tinha algum problema de audição depois que ela cresceu mais. Em muitos lugares, era preciso falar bem alto para que Gabriela conseguisse nos escutar. O colégio já tinha avisado que ela não estava acompanhando bem as aulas e que repetia a mesma palavra diversas vezes. Foi então que uma médica orientou que ela fizesse um exame e vimos que ela necessitava usar o aparelho auditivo”, explicou.

 

Hoje, Gabriela é acompanhada pela equipe de reabilitação auditiva do Ceir e faz uso do aparelho auditivo. A fonoaudióloga Layse Leal, que acompanha o caso, reforça a importância de os pais estarem atentos aos primeiros sinais de alteração auditiva. “A perda auditiva leve ou moderada é muito difícil de ser identificada. Desatenção frequente durante conversas, pedir para repetir ou para falar mais alto, problemas na fala, socialização na escola, não se assustar com barulhos altos, tudo isso são sinais de alerta. Nas crianças, o problema é agravado, uma vez que a audição saudável é a principal fonte para aquisição da linguagem, fala e habilidades cognitivas”, ressaltou.

 

A perda auditiva pode ser leve, moderada, severa ou profunda, de origem congênita ou adquirida, e afetar pessoas de todas as idades. Seus impactos vão muito além da comunicação, interferindo na saúde emocional, aprendizado e qualidade de vida. Hannele Martins, mãe da pequena Maria Helena, de 4 anos, também conhece de perto essa realidade. Ela e a filha nasceram com perda auditiva no lado esquerdo.

 

“Quando eu descobri que não ouvia de um lado, já era tarde. Eu tive que aprender a me virar com a audição apenas de um lado. Já com a Maria, fizemos o teste e comprovamos a perda de audição cedo. A avó dela percebeu que ela virava o rosto para nos ouvir e isso foi o suficiente para entender que ela poderia ter herdado a mesma condição. Hoje, com o aparelho, a Maria escuta bem mais e é possível ver melhora no desenvolvimento da fala e na escola”, comentou.

 

Segundo a fonoaudióloga Layse Leal, o diagnóstico precoce é determinante para o sucesso do tratamento. “A audição dentro dos padrões de normalidade é importante em qualquer etapa da vida. Especialmente na infância, ela é fundamental para a aquisição da linguagem oral, habilidades cognitivas, aprendizado e desempenho escolar. O aparelho auditivo é um aliado e tem maior eficácia com diagnóstico precoce”, acrescentou.

 

Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pacientes com indicação clínica têm acesso gratuito aos aparelhos auditivos. No Ceir, além da distribuição dos aparelhos de amplificação sonora (AASI), o tratamento inclui acompanhamento com fonoaudiólogos, psicólogos, otorrinolaringologistas, garantindo adaptação e uso adequado dos dispositivos auditivos. A concessão dos aparelhos é realizada após avaliação da equipe multidisciplinar e do Serviço Social.

 

Como acessar os serviços de reabilitação auditiva do Ceir:

 

– Procure a Unidade de Saúde mais próxima e realize consulta com um médico da Estratégia Saúde da Família ou credenciado pelo SUS. Solicite o preenchimento da guia de marcação de consultas do SUS;

 

– Anexe à solicitação do médico cópias de: RG, CPF, Cartão do SUS (Cartão Nacional de Saúde) e comprovante de residência com CEP;

 

– Entregue os documentos e a guia no setor de marcação de consultas online do SUS no Posto de Saúde ou Secretaria de Saúde do seu município e informe um telefone para contato;

 

– Solicite encaminhamento para o Programa de Saúde Auditiva / Reabilitação Auditiva.